quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Uma desgraça bem portuguesa (BES)

      

      Olá caros leitores, hoje cá estou para mais um artigo do Portugal Potencial. O artigo de hoje será um artigo de opinião sobre um dos temas mais badalados em Portugal, o caso BES. A razão que me leva a fazê-lo assenta em algumas das razões pela qual Portugal não consegue mudar e melhorar. Este artigo será meramente de opinião própria, dando a conhecer a minha visão sobre esta novela em que se tornou o caso BES. A minha opinião baseia-se na análise reflectida de varias informações, e tem em conta vários ângulos da história.  
      O Banco Espírito Santo, uma das entidades bancarias mais antigas do nosso país, nas últimas semanas foi alvo de notícias constantes devido a um buraco nas contas que o colocou numa situação muito crítica, levando ao desaparecimento do próprio banco. Um banco que se “apresentava” sólido dá um tombo imenso e cai na mais profunda lama. A questão maior deste problema é “quem são os culpados” desta situação. Muito se tem dito, muito se tem escondido, muito se virá a descobrir. Está é uma novela que esta a colocar muitos portugueses a chorar e deixou alguns indivíduos a rir-se, mas ainda falta muitos capítulos.
Muitas vezes ouço a expressão “somos o país do chico esperto” e fico a raciocinar neste pensamento com um sentido avassalador de pesar e desconforto. Este chico espertismo aparece dia trás dias até nos lugares mais simples e onde tudo se inicia, nas escolas. Numa análise mais abrangente, o “passar a perna” ou o ser mais esperto é culturalmente cultivado e tornou-se uma prática recorrente. Outra tendência muito recorrente é o “Factor C”, utilização de cunhas para atingir os objectivos, passando por cima de pessoas que lutam com mérito. Estas duas “manias” se combinam na nossa sociedade funcionando com empecilhos, pedras na engrenagem, que não permitem um desenvolvimento mais acentuado.


      Voltando a temática inicial, o caso “BES” é uma demostração clara de chico espertismo e de corrupção a altos níveis. A corrupção implantada nos altos cargos da nação e nos altos cargos da empresa são os responsáveis por toda a crise nacional. Os “primos”, “afilhados” e “compadres” dentro da política e entre a política e as empresas provadas gera uma onda de fraudes e roubos que são a causa do nosso mal. A cobertura da classe política a estes “ladrões de colarinhos” transforma Portugal num país pouco viável e sem rumo. A culpa morre solteira na maioria dos casos de corrupção e não a pena de prisão que se cumpra na íntegra, ou sanção suficiente para repor todo o mal causado à sociedade. Muitos pagam pela falta de integridade dos outros, e assim corre o rio das desgraças portuguesas.
      No caso do Banco Espírito Santo podemos ver uma combinação bombástica dos males da nossa sociedade, que culminaram num desastre nacional que promete encher manchetes de jornais por dias. A incapacidade do governo de controlar ou limitar a influência da banca sobre a divida pública, a corrupção causada pela ligação entre os senhores da banca e os partidos políticos, o jogo do esconde-esconde das verdades sobre a crise do banco são alguns dos exemplos das pedras na engrenagem “BES”. O banco de Portugal, responsável por controlar e gerir a banca não é capaz de ter resposta atempada e concisa para evitar esta catástrofe. Os accionistas do “BES” entre eles a família espírito santo, que já esta dentro do negócio a algumas gerações, não sabem verificar e controlar seus altos cargos, e não têm a preocupação de fazer um controlo mais rígido sobre seus interesses. 



      Uma série de falhas e de incapacidades desembocam numa “nacionalização” disfarçada. Muito se esconde no estado e não se dá a saber sobre as linhas desta ajuda ao banco. Os comentadores políticos dividem-se em opinião e vão maquilhando o caso de acordo com a bandeira que defendem. Como se diz em bom Português, cada um puxa a brasa à sua sardinha enquanto o povo arde e desespera sabendo que pagaram o pato que não comeram. Todos sabemos que em outras situações, recentes, os amiguinhos roubaram os bancos, fugiram com o dinheiro e quem acabou por sofrer foi o povo. Esta novela a estilo TVI, não tem um fim à vista e muita tinta corre.
      Já dizia Henry Ford “convém que o povo não perceba como funciona o sistema bancário e monetário, pois se percebesse acredito que haveria uma revolução antes de amanhã de manhã”. Está verdade é incontornável e o povo do século XXI já deveria ter tido capacidade de fazer esta revolução. Uma incapacidade de mudar e uma incapacidade de gerar mudança invadiu a forma de estar dos portugueses. Várias seriam as revoluções necessárias para remover as pedras da engrenagem e criar uma máquina à prova de pedras. 
      A culpa não pode morrer solteira nem os “ladrões de colarinho branco” podem passar uns anos ou meses na cadeia e depois sair como se nada tivessem feito. Os crimes contra o estado devem ser condenados como crimes contra a sociedade civil e não podem ser geridos de forma ligeira. A justiça tem de ser reformulada e tem de poder penalizar mais severamente este tipo de crimes. Além da severidade das penas, estes casos devem ser geridos rapidamente para evitar maiores danos.
      Muito mais haveria a dizer e em relação à novela “BES” muitas mais conclusões há a tirar. Este é um artigo mais generalista, que tenta focar as causas deste desastre e tenta ter uma visão mais abrangente sem focar-se em dados mais específicos do caso “BES”. É necessário que todos, com os dados que temos façamos uma análise introspectiva profunda sobre este caso, e tentar tirar conclusões que nos permitam evoluir e tentar fazer algo mais. Está na hora de começarmos a conhecer a banca e gerar a revolução. Espero que tenham gostado deste artigo do Portugal Potencial.

Autor: Hector Nunes



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