quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Portugal Rural: Terra fértil e seus frutos

      

      Portugal é sinónimo de luz, campos verdejantes e natureza. Uma das maiores riquezas que se estende na sua diversidade de norte a sul. Um clima temperado banhado do sol que é vida. Grandes cursos de água que percorrem vales e montanhas. O leitor deve pensar que estou a descrever o paraíso, um lugar idílico, mas este é Portugal. Um país de raízes rurais, onde a força bruta das mãos calejadas foram o principal sustento do povo. Mas o que é feito deste Portugal?

      Portugal é um exemplo do abandono de grandes políticas agrícolas, após a integração na União Europeia. Os incentivos recebidos para o abandono da produção agrícola foram maiores e mais aliciantes do que os incentivos á produção nacional. A falta de industrialização do sector agrícola e a utilização da agricultura como subsistência foram outras das causas para o pouco aproveitamento deste sector. As políticas europeias para a produção de bens alimentares criaram uma dependência de uns países em relação aos outros. A ideia de “se este país não tem, vamos buscar ao outro” levou a que uns países dependessem dos outros. Após alguns anos com estas teorias, a europa verificou que a falta de políticas para a reserva de alimentos poderia trazer alguns problemas. Entre esses problemas encontramos a escassez de certos bens alimentares aquando de intempéries e de catástrofes naturais. Entre 2007 e 2012 foram várias as crises de cereais dentro da Europa, devido ao mau tempo que destruía as produções. Esta falta de bens alimentares levou a que se começasse a repensar as políticas agrícolas. Mas o abandono da agricultura em Portugal já ocorreu, e é difícil incentivar o regresso da população às origens.

      Outro flagelo foi a utilização de fundos comunitários, que deveriam ser utilizados para a industrialização da agricultura, para o enriquecimento pessoal. Vários são os exemplos de fundos de investimento na agricultura que foram mal aplicados, e que nunca deram os frutos para os quais foram pedidos. Este é um problema ideológico e que está a ter repercussão na atualidade.

      A agricultura apresenta-se como um trabalho de esforço e que exige uma entrega a tempo inteiro, sendo que é pouco aliciante às gerações atuais. Esta visão não é de todo real, pois a industrialização da agricultura veio facilitar em muito os trabalhos. Mesmo assim sendo, com as faltas de incentivos atuais e a elevada instabilidade temporal leva a que não vejamos a agricultura como uma das soluções para a crise. Mas aqui está o grande erro. Portugal, com o seu vasto potencial território agrícola, deverá utilizar este sector, juntamente com o sector da aquacultura e das pescas, para criar uma base sólida na sua economia, reduzindo a sua dependência de produtos externos. O abastecimento de países que, por motivos geográficos e climatéricos, não podem ter agricultura, pode ser outra via para a saída da crise económica que se apresenta, e que não acabará enquanto não se mudar de políticas e de medidas.

      Mas nem tudo o que envolve a agricultura em Portugal pode ser considerado negativo. Existem diversos exemplos do regressar às origens agrícolas por parte dos jovens e menos jovens para escapar aos problemas económicos. Vários são os produtos alimentares de elevada qualidade que estão a ser produzidos em Portugal, por agricultores persistentes que viram no campo a verdadeira riqueza. Muitas mais são os que têm projetos e ideias para criar através da terra mais riqueza. Entre estes produtos temos o azeite, o vinho, a fruta e a carne. Existem produtos agrícolas tão portugueses e de tão elevada qualidade, que tornaram-se imagem de marca deste país, á beira-mar plantado. 

      Um exemplo de investimento na agricultura que tende a crescer de ano para ano é a produção de mirtilo. Uma produção que se foca na região de Sever do Vouga, zona com as condições climáticas e geográficas ideias para a plantação deste fruto. Este tipo de cultivo pouco usual em Portugal, devido ao desconhecimento deste fruto, aparecer devido a uma procura intensiva por parte de alguns países deste mesmo produto. A procura do mirtilo por países como a França, a Bélgica e a Holanda é tão elevado, que fez com que alguns agricultores vissem neste pequeno fruto uma fonte de rendimento sustentável. Os primeiros produtores apareceram no início dos anos 90 do seculo XX e vários anos passaram até que começou a despertar um maior interesse por este produto pouco conhecido. Até 1994 existiam 43, número que quase triplica em 2014, onde temos 110 produtores que exportam 80% da produção. A produção até 2013 era de 120 toneladas e deverá chegar às 419 toneladas ainda este ano, prevê a AGIM - Associação para a Gestão, Inovação e Modernização do Centro Urbano de Sever do Vouga. O número de produtores, parte deles jovens, deve aumentar este ano e contará com um investimento de 1,1 milhões de euros. Este é um produto rentável pois é comprado ao produtor por um preço de cerca de 3,5 euros por quilo, sendo este um valor elevado quando comparado com outros produtos agrícolas. A sua comercialização é efetuada por um preço muito mais elevado de 25/30 euros o quilo. Estes valores levaram a todo, o interesse neste fruto nesta região do país, o que tornou Sever do Vouga a capital do Mirtilo.

      Como podemos ver, muitas vezes num pequeno fruto está uma grande fonte de riqueza. A potencialidade da agricultura em Portugal, ficado em alguns nichos de mercado é um potencial em ação que tem de ser aproveitado. Se conheces outros exemplos de produtos agrícolas que gerarão grandes investimentos, faz chegar isso ao nosso blog ou á nossa página de facebook. Se tiveres algum projeto desta natureza em mente e queres trocar ideias ou encontrar pessoas que possam ajudar-te podes também partilhar connosco e nós tentaremos ajudar da melhor forma.

Autor: Hector Nunes



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